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Agência Experimental de Notícias

Com cinco anos de existência, Centro de Medicina Indígena Bahserikowi comemora a data com o lançamento do livro “O mundo em mim - Uma teoria indígena e os cuidados sobre o corpo no Alto Rio Negro”

A tese do egresso João Paulo Barreto foi escolhida por uma comissão do PPGAS para concorrer ao prêmio Capes de melhor tese do ano de 2021.


O Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/UFAM), em parceria com a Editora Mil Folhas, realizou o lançamento do livro “O mundo em mim - Uma teoria indígena e os cuidados sobre o corpo no Alto Rio Negro” de autoria do egresso João Paulo Lima Barreto, indígena do povo Ye’pamahsã (Tukano) e doutor em Antropologia Social pela UFAM.

“A publicação é fruto da minha tese de doutorado e marca o esforço em fazer um exercício de reflexividade sobre nosso sistema de conhecimento para além de mera tradução, com intuito de mostrar que os povos indígenas têm epistemologias e sistemas de conhecimentos próprios fundados nos conceitos e noções claros que norteiam as práticas, as relações sociais-políticas-econômicas e as relações cosmopolíticas. Trago para a academia e para a sociedade o debate em torno do conceito de corpo, a partir do sistema de conhecimento indígena Yepamahsã (Tukano). Lembro que esse não foi um trabalho produzido de forma solitária. É fruto de uma construção com os colegas que fazem parte do Neai e com os professores/orientadores do Núcleo. O companheirismo de todos os membros, em especial de colegas indígenas, foi fundamental para aprofundamento de termos conceituais indígenas do Alto Rio Negro. Além do meu agradecimento aos especialistas indígenas kumuã, em especial a meu pai, Ovídio Barreto (Yepamahsu/Tukano), a meus tios, Manoel Lima (Ʉtãpirõmahsu/Tuyuca) e Durvalino Fernandes (Ʉmukorimahasu/Desana) e também Ivan Barreto, Carla Fernandes, Bonison Machado, Clarinda Sateré”, explicou o autor.

 

O mundo em mim: uma teoria indígena e os cuidados sobre o corpo no Alto Rio Negro

“No livro, o corpo é um microcosmo, síntese das qualidades e substâncias de boreyuse kahtiro (luz/vida), yuku kahtiro (floresta/ vida), dita kahtiro (terra/vida), ahko kahtiro (água/vida), waikurã kahtiro (animal/vida), ome kahtiro (ar/vida) e mahsã kahtiro (humano/vida). Qualquer desequilíbrio desses elementos constitutivos do corpo é capaz de provocar doatise (doenças, desconfortos, desiquilíbrio) no corpo. Temos aqui uma “teoria” de corpo, um modelo de interpretação propriamente nosso (indígena)”, finalizou João.

Centro de Medicina Indígena Bahserikowi

O Centro de Medicina Indígena Bahserikowi foi idealizado por João Paulo Barreto e, durante os cinco anos de funcionamento, já atendeu mais de 7 mil pessoas. Dessas pessoas maioria absoluta não-indígenas. O Centro disponibiliza para a sociedade em geral o "Bahsese" (benzimento) dos povos indígenas Tukano, Dessano e Tuyuca do alto Rio Negro que,  em conjunto com as plantas medicinais, trata das enfermidades tanto de cunho físico como psicológico.

Esse é um projeto de reconstrução das práticas de cuidado de saúde e cura de doenças dos povos indígenas, que sistematicamente foram obrigados a negar as línguas, os territórios, os corpos. Em resumo, obrigados a negar suas culturas e tradições em nome da civilização. No espaço funciona os seguintes projetos: Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, que atua de segunda a sábado, das 9h às 16h. E, Biatuwi – casa de comida indígena, que funciona de quarta a sábado, das 12H às 16H.

Por Tainara Cruz

Mais informações: https://ufam.edu.br/noticias-destaque/3876-com-cinco-anos-de-existencia-centro-de-medicina-indigena-bahserikowi-comemora-a-data-com-o-lancamento-do-livro-o-mundo-em-mim-uma-teoria-indigena-e-os-cuidados-sobre-o-corpo-no-alto-rio-negro.html

  

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