Educação de Surdos em Manaus é tema de TCC
As alunas do curso de Jornalismo,
Ana Carla Lima e Líbia de Paula Ferreira, apresentaram, na última sexta-feira,
18, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que consistiu na produção de um
livro-reportagem sobre a Educação de Surdos em Manaus.
A
pesquisa iniciou no final de 2014 e teve entre os objetivos específicos: relatar
o Ensino Fundamental Bilíngue na Escola Estadual Augusto Carneiro dos Santos; relatar
o Ensino Médio de Inclusão na Escola Estadual Desembargador André Vidal de
Araújo; entender as vantagens e as desvantagens da escola bilíngue específica para
surdos e da escola regular e analisar matérias jornalísticas de dois portais de
notícias de Manaus, o Acrítica e o D24am, no que diz respeito às nomenclaturas
e termos que os jornalistas utilizam ao abordar o tema surdez.
“A Educação de Surdos é um tema contemporâneo, mas
pouco convencional nas mídias. O que contribui para não desmistificar as visões
estereotipadas que a sociedade tem em relação à surdez, que, consequentemente,
discrimina e subestima a capacidade do surdo. O nosso livro-reportagem vem como
uma alternativa de tornar cada vez mais pública a temática e ampliá-la a uma
dimensão contextual”, explicou a aluna Líbia de Paula.
A aluna Ana Carla salienta que o livro-reportagem tem o
intuito de informar amplamente fatos, situações e ideias de relevância social, contribuindo
para a eliminação ou minimização do aspecto efêmero da mensagem atual praticada
pelos canais cotidianos de informação jornalística. “Nele podemos reunir muitas
informações de caráter jornalístico organizadas e contextualizadas sobre um
assunto. A inserção do aluno surdo em uma escola bilíngue específica para ele
ou em uma escola regular e as necessidades educacionais que possui devem ser
divulgadas à sociedade, uma vez que há a possibilidade de identificar falhas na
qualidade da educação pública oferecida a eles e o respectivo melhoramento por
meio de políticas públicas específicas”.
Na coleta de dados foram escolhidos
sujeitos que têm relação com a problemática abordada, tais como alunos surdos,
professores, intérpretes de Libras e especialistas da área. “Por meio dos
anseios e perspectivas deles em relação à Educação de Surdos e por viverem e
conhecerem os gargalos da educação oferecida, foram as principais fontes de
informações para o trabalho”, complementou Líbia de Paula.
“Nós esperamos que o conteúdo do
nosso trabalho venha a contribuir para a consolidação da imagem do surdo não
como um sujeito vitimizado, e sim, como um cidadão. Esperamos também, que
alunos do curso de Jornalismo e jornalistas tenham a oportunidade de ler este livro,
principalmente que tenham acesso ao capítulo 6, pois ao abordar o tema deficiência, o jornalista tem o
dever de incentivar o uso correto de terminologias nas matérias, deixando claro
que realizou uma pesquisa, mesmo que básica, sobre o universo da pessoa com
deficiência. Isso parece ser mínimo, mas representa bastante para a
consolidação de direitos, uma vez que assuntos tradicionalmente eivados de preconceito
estão aparecendo (quando há a publicação e a veiculação de matérias) na mídia e
sendo vistos, lidos e ouvidos pela sociedade”, finalizou Ana Carla.
Compuseram a banca examinadora o
professor João Bosco Ferreira (Presidente), a professora do Departamento de
Comunicação, Célia Maria Carvalho (Membro), e a professora do Departamento de
Libras, Mary Andrea Lages (Membro).
Sobre o livro-reportagem:
A organização do livro-reportagem está distribuída em seis capítulos. O
primeiro aborda aspectos históricos da Educação de Surdos em outros países e
principalmente no Brasil e no contexto amazônico, destacando as filosofias
educacionais que nortearam a Educação de Surdos ao longo dos anos, sintetizando
as metodologias de ensino adotadas e suas implicações para a aprendizagem dos
sujeitos surdos, bem como a legislação pertinente à Educação de Surdos e
apresenta-se o ensino bilíngue específico para alunos surdos tendo como foco a Escola
Estadual Augusto Carneiro dos Santos, situada em Manaus.
O segundo capítulo trata sobre os aspectos relacionados à importância da
inserção do aluno surdo em uma escola de ensino bilíngue especifica para
surdos, ressaltando as vantagens e as desvantagens desse modelo escolar no qual
os professores bilíngues ministram as aulas em Libras e os alunos surdos
adquirem conhecimentos por meio do canal visual. Enfatiza-se a necessidade da
criança surda em estar em um ambiente propício para a aquisição da Língua
Brasileira de Sinais (Libras) e da Língua Portuguesa.
O terceiro capítulo apresenta o cotidiano dos alunos surdos na Escola
Estadual André Vidal de Araújo, por meio da opinião deles, dos professores,
parentes e Intérpretes de Libras, pode-se avaliar os pontos positivos e
negativos da escola inclusiva. Além disso, mostra-se a inclusão sob o olhar dos
profissionais que convivem com os surdos e a iniciativa da pedagoga e
Intérprete de Libras, Socorro Íris, que realiza o projeto “Preparatório de
vestibular para surdos” na referida escola.
O quarto capítulo aborda o ensino complementar da Sala de Recursos
Multifuncionais na Escola Estadual Profª Hilda de Azevedo Tribuzy, a formação
do professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as vantagens e
desvantagens da escola inclusiva na opinião dos surdos e de professores.
Já no quinto capítulo, conta-se a história de vida do professor e coordenador
do curso de Libras da Ufam, Hamilton Pereira Rodrigues. Traços da infância à vida
adulta foram destacados, como o convívio com crianças ouvintes, o primeiro
contato com outros surdos, as dificuldades de aprendizagem na escola e a
descoberta da independência durante uma viagem com um amigo surdo.
No sexto capítulo há análises de matérias jornalísticas publicadas em
dois portais de notícias de Manaus (Acrítica.com e o D24am) que abordaram o
tema da surdez. O intuito é mostrar o papel fundamental da imprensa e do
jornalista enquanto agentes facilitadores de informações ao cidadão, bem como indicar
os equívocos cometidos quanto ao uso de conceitos e terminologias que norteiam
a surdez.
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