Estudo da UFAM constata que microvespa tem possibilidade de realizar o controle biológico de pragas do abacaxi
Foto: Portal Amazonas.
Um estudo promovido pelo laboratório de Entomologia Agrícola, da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (FCA/Ufam), revelou que duas espécies de microvespas (parasitoides) possuem potencial capaz de auxiliar na redução da infestação de percevejo-do-abacaxi (Thlastocoris laetus Mayr), a praga que mais atinge as produções de abacaxi do Amazonas.
Os resultados da pesquisa detectaram duas espécies de parasitoides com taxas de parasitismo consideráveis, o que despertou a atenção dos pesquisadores. Uma das espécies apresentou taxa em torno de 23%, considerada mediana, e a outra obteve um valor mais alto de 46%.
O professor de Agronomia da UFAM, Neilton Marques da Silva, coordenador da pesquisa, relata, ao site da Universidade, que durante os estudos verificou-se que as microvespas conseguiam depositar seus ovos dentro dos ovos do percevejo do abacaxi, iniciando o processo de controle biológico natural. “Com isso, ao invés de emergir o percevejo, emerge o parasitoide, o que abre uma perspectiva de um controle biológico no contexto do manejo integrado. Essa é a grande novidade do estudo, porque até então nós não tínhamos o registro da presença desse parasitoide nos cultivos de abacaxi”, comentou.
O coordenador afirma que a iniciativa surgiu devido haver poucas pesquisas a respeito do percevejo do abacaxi. "Atualmente, o controle do percevejo do abacaxi é feito a partir do uso de agrotóxicos não cadastrados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), no sistema Agrofit, por isso, o controle biológico é importante, sem o uso de agrotóxico”, revelou.
Apesar da descoberta, o professor Neilton destaca que ainda não é possível anunciar para o agricultor que é possível a manipulação da microvespa para ter o controle biológico efetivo do abacaxi.
"Estamos numa fase preliminar, visto que é necessário desenvolver mais estudos que deverão resultar em tecnologias para o controle biológico clássico, o qual implica na manipulação e testes de efetividade desses parasitoides em ambiente de laboratório e campo, podendo futuramente ser produzido em larga escala em biofábrica, para que esses parasitoides sejam liberados, por meio do processo de liberação inundativa, e assim cumprir com o seu papel de controlador biológico específico dessa praga”, esclarece.
Redução de agrotóxicos
Com a possibilidade da microvespa se tornar aliada no combate ao percevejo do abacaxi, professor Neilton destaca a importância da redução do uso de agrotóxicos por meio dos agricultores.
E foi justamente pela dificuldade de aumentar a eficiência do parasitismo nos frutos cultivados no Distrito de Novo Remanso, no município de Itacoatiara, um dos principais polos produtores de abacaxi do país, que a pesquisa teve de ser transferida para a Fazenda Experimental da UFAM, na altura do quilômetro 30 da BR 174. “Lá não conseguíamos evitar que o fruto não sofresse a ação dos agrotóxicos, por isso fomos para dentro da Fazenda onde conseguimos fazer o controle biológico”, afirmou o pesquisador.
O próximo passo da pesquisa é a publicação do estudo em revista indexada e avançar as investigações da eficácia do parasitismo, identificando se pode ser produzido em grande escala e detectar se, de fato, pode controlar o percevejo do abacaxi.
As espécies de parasitoides serão divulgadas a partir da publicação científica do estudo, que deve ocorrer em breve.
Participam dessa fase de pesquisa também os estudantes de iniciação científica Fábio Ortiz e Carliza Luz, o mestrando Williian Maciel, Silvana Pimentel (egressa do doutorado do PPGATR/Ufam) e a mestranda Stefane Andrade da ESAL/USP. A pesquisa e os bolsistas são apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
Para mais informações: https://www.ufam.edu.br/ultimas-noticias/2820-estudo-da-ufam-aponta-que-microvespa-tem-potencial-para-promover-o-controle-biologico-de-pragas-do-abacaxi.html
Por Beatriz Farias
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